quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Deusa

Me perturba quando você invade meus pensamentos,
Sem pedir licença me consome.
Traz a malícia implícita,
Parecendo carente,
Mas me tortura com um olhar febril,
Um toque juvenil,
Um beijo indecente.
Me perturba,
Que em suas palavras,
Você joga entre o bem e o mal.
Me incomoda,
Pois mesmo suas maldades,
Me deixam entregue,
Às suas vontades e caprichos.
Sem reação para defesa,
Chega e toma o que quer.
Provoca com falsa inocência,
Me envolve com uma simples aparição.
Com raiva, paixão, fogo, sedução,
Esmaga meu peito,
Destrói sentimentos,
E me devolve,
Mas nesse momento,
Não sei mais quem sou.
Não existe distância,
Nem sequer obstáculo,
Que não consiga alcançar.
Não existe resistência minha,
Que não saiba derrotar.
Como se tivesse poderes,
Me afeta, me encanta.
Uma espécie de deusa,
Que de mim,
Faz o que o humor decide.
Se me quer por uma noite,
Não consigo recusar,
Te abraçar e dormir ao seu lado.
Se quer me levar à loucura,
Me seduz, e me perco no teu prazer.
Se quer maltratar o coração,
Apenas diz que me odeia.
Na tentativa de escapar,
Ouço teus sussurros,
Que me chamam docemente,
E novamente estou aos seus pés.
Do perfume não esqueço,
Da pele macia como seda,
Procuro não pensar.
Dos teus encantos,
Nunca escapei,
Pois o desejo é tão forte,
Quanto nosso sentimento puro.
Na luta em dizer não,
Digo sim sem hesitar,
Me controlo,
Mas você conhece como,
Passar dos meus limites.
Sabe que basta um toque,
Um pedido ou ordem,
E lá estarei,
Admirado, hipnotizado,
Somente servindo às tuas vontades,
Ou saciando teus desejos,
Pois essa entrega plena,
É um amor imortal e eterno.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Perda

Não queira me ver amanhã de rosto erguido,
Nem com um sorriso no rosto.
Não tente arrancar um sorriso,
Pois só sairão lágrimas neste dia.
Que o dia permaneça nublado,
Obscuro, para que eu possa me esconder na multidão.
Se viu o brilho no meu olhar,
Se viu meu jeito louco de amar.
Somente esqueça,
Das promessas, dos planos.
Se estiver pra baixo,
Não tente me erguer,
Não quero um abraço forte.
Apenas quero ficar sozinho,
Deitado com meus pensamentos,
Imaginando, o que poderia ser e que não foi.
Foi a distância ou o medo.
Foi algo que fez uma paixão se tornar ferida,
E somente olhe, mas não diga nada,
São apenas lágrimas que cairão pela última vez.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Devaneio

Por essa estrada estranha que traço meu caminho,
Nada é novidade, acho que já passei por aqui.
Se já perdi a cabeça foi sem querer,
Se não abri a janela num dia de Sol,
E corri na chuva procurando uma razão,
Só queria me molhar enquanto todos se escondiam.
Só tentei entender os motivos que criam os fatos.
Acordei já era noite, acendi um cigarro,
Olhei para o vazio,
E ali encontrei uma solução,
Para não sentir mais dor.
Era apenas uma alucinação,
Um delírio constante,
Pedindo socorro,
Em silêncio,
E não havia nada mais a ser dito.

Destrutivo

É difícil viver contido,
Como se estivesse escondido.
Fazendo o que é mais adequado,
Mais banal.
E as vezes um sonho estranho surge,
o de estar numa aventura,
Perseguições, desafios grandes.
E estar aqui numa vida tranquila e sem emoções
É uma escolha de muitos
É o desejo de todos, paz.
Quero poder me embebedar num bar, conhecer alguém,
Que ela tenha um jeito diferente de sofrer,
Que nossas ações sejam reprováveis,
Que nosso desejo só aumente,
Que as confusões façam doer a cabeça.
vivendo no limite dos princípios.
Contato profundo,
Loucamente insano, profano, destrutivo.
Assim vejo meu maior romance,
Um labirinto sem saída,
Um caminho inesperado.
Não basta ter tudo, é preciso estar vivo,
E o vento bater no rosto como se fossem lâminas,
E o beijo parecer venenoso,
O sexo uma sentença de morte.
Assim desejo uma aventura,
Sem limites,
Apenas o inesperado,
Simplesmente livre.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Apenas o fim


Vivemos momentos sublimes,
De uma paixão enlouquecedora.
Um amor imensurável,
Sonhamos, fizemos planos.
Um dia o sólido desmoronou.
O que era eterno durou um segundo,
O que era pra toda vida não existiu.
Hoje vivemos as lágrimas,
De um sonho perdido.
Lamentamos o que nunca aconteceu.
Apenas lembranças de uma vida,
Um projeto que não teve fim.
A vida pregou uma peça,
Foi irônica,
Foi sarcástica,
E partiu nossos corações.
A maior das ofensas,
Um pecado irreparável,
O que não voltaria a ser.
Foi com um abraço bom,
Um beijo meio amargo,
Lágrimas e tristeza,
Que falamos adeus.
O que poderia ter sido,
Já não existe mais,
Daqui por diante,
È o resto de nossas vidas,
Pois esse é,
Apenas o fim.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Desconhecido


Desconhecido, a chama que aguça os sentidos,
Causa medo,
Nos faz perder a paz.
Inquietos sentimos a dúvida,
Questionamos o que parecia concreto,
Sonhamos o que parecia impossível,
Sentimos o frio do nada saber.
Mergulhar num mundo estranho,
Sem segurança da volta,
Na tentativa do se conhecer,
Conhecemos uma parte da loucura,
Desejamos com receio que retorne,
Uma aventura, uma inconseqüência.
Nada que possa ser dito,
As opiniões podem mudar,
As certezas podem desabar,
Nada como entrar incerto,
Para sair sem medo,
Do escuro da noite de solidão.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Uma noite


Sempre quis roubar lindos versos e te entregar como se fossem rosas,
Fazer promessas que fossem como sonhos de um conjunto de dois.
Temi a vida quando ela se mostrou como realidade,
Tive medo do escuro porque o desconhecia.
Não tive a coragem de roubar, nem fui capaz de sonhar.
O que temia hoje tem medo de mim,
O que deveria descobrir, apenas fechei os olhos e não quis mais ver.
Queria ter visto beleza, acabei num beco escuro cheio de tristeza.
E da preguiça inventei mil desculpas, sem nexo, sem sentido,
Mas já não sentia nada além de uma culpa imensa.
Não sei se foi a bebida, se foi aquele beijo roubado, se foi aquele segredo,
Talvez tenha sido a culpa do que não fiz.
Talvez tenham dito que era crime e senti a culpa,
E se questionei, não tive forças para enfrentar um dogma.
Se enfrentei, cansei de lutar contra a ignorância.
E de tantas promessas, delas queimei junto com papéis de poesia medíocre.
Percebi que da poesia não havia nada de medíocre, essa morava nas pessoas,
As mesmas com quem tomamos um vinho caro jantamos por oportunidade,
Apenas passaram por nossas vidas, sem deixar nenhuma marca, nenhuma cicatriz.
Nada mais me interessa, nem teorias brilhantes, nem novas idéias,
Longe do mundo real encontro o conforto que amigos compartilham,
Como lobos solitários, sem companhia para esta noite.
Não veremos orquestras, nem boa história,
Somente uma menina chorando num quarto vazio,
Uma mãe solteira, sozinha, tomando comprimidos,
Um mendigo dormindo num lugar sujo e escuro,
Um sábio preso em grades de manicômio,
Um idiota manipulando as mentes que não sabem pensar,
Era mais um óbito suicida em qualquer capela.
Nesta noite estava acordado, não dormi, não tinha sono,
Não vi nada, não senti nada, apenas um frio estranho,
Suando frio de dor, cigarro na mão, bebida no copo,
Era apenas mais uma noite de insônia, paranóia,
Que te perseguem, que incomodam, que assusta e mantêm os olhos abertos.
A cada cigarro, a cidade pega fogo, numa noite comum,
Como o que dizemos no dia a dia.
Sem lamentos, acaba a noite e o Sol traz mais um dia de muito trânsito e correria,
Sem ninguém querer sair da cama, todos correm, sem ter aonde chegar.
Não importa, alguém nasce e morre e mata,
Assassinos de informação, de interlocução.
Tudo continua, bombas explodem, a vida segue,
Gritos de socorro ninguém ouve,
Tudo continua, amanhã será um novo dia.

Socorro...


O medo bate a porta,
Assombra as noites vazias.
O escuro é uma descoberta,
Em toda noite sonho com ela,
Vindo devagar sem motivos,
Apenas se entregar.
Não era minha janela vazia,
Onde alguém desistiu de viver,
Onde morava a tristeza.
Ali vivia a morte todo dia,
Alimentando-se de pensamentos vagos.
Todo mundo só,
Numa cidade fria,
É verão, mas ninguém te ouve,
O calor é grande,
Mas ninguém se interessa por você.
Amigos mortos num museu de cera,
Filhos enterrados por mentiras verdadeiras.
Havia razão além da razão,
Mas a mãe não se importava,
Ele vivia sozinho,
E assim morreu,
Pedindo socorro.