quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Folha em branco


Folha em branco,
Pensamento no vazio,
Coração louco,
Confuso nos versos.
Era pura inocência,
Não havia coerência,
Era uma paixão,
Arrebatadora.
Um vulcão sempre aceso,
Misturou-se com o amor,
Assim se fez o Nós.
Era uma folha em branco,
Pronta para receber uma história,
A mais apaixonante,
A mais enlouquecedora.
O amor construiu,
Sonhou todos os sonhos,
Imaginou um futuro romântico.
Dias negros borraram a folha,
Mesmo assim,
O amor se manteve vivo,
Hoje guardado,
Com medo e insegurança.
O que foi belo,
Não iria morrer,
Apenas sua confusão impede,
Que voltemos,
A amar intensamente.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Eclipse

                 As relações humanas. Como tentar entendê-las? Em alguns momentos podemos estar sorrindo num bar com amigos, em outros sentindo um sofrimento imensurável numa cama de hospital. Mas sempre temos pessoas ao nosso lado capazes de nos fazer sorrir no dia seguinte.
            Por mais que hoje espere por sua visita, por mais que na segunda vez que perguntei a ela, houve uma pequena pausa, como se estivesse pensando numa maneira de realmente aparecer outra vez para nos encontrarmos. Mas não há hoje a menor possibilidade. Eu preso de um lado, ela de outro, numa prisão que apenas nos impede por compromissos e esperas. Talvez fosse mais fácil suportar se fosse por prisão com grades, sem uma chance sequer. Certamente seria suportável para ambos.
            Mas não há o que lamentar a noite em que estivemos poucas horas juntos. Um reencontro com mistura de raiva da parte dela e saudade da minha. Porém mesmo assim, o sentir, essa necessidade humana que nos conforta, veio mais forte de tal maneira que não havia outra saída, precisávamos do toque, do beijo, do cheiro, para que de repente tudo se acalmasse e risos pudessem tomar conta deste quarto de hospital.
            Dizer que foi extraordinário, que parecia um sonho já vivido e que voltara a se repetir, sempre imaginamos um pouco mais, um minuto, um segundo, um instante que deveria durar uma eternidade e que passa voando.
            Um moribundo por mais que deteste a vida, pediria um minuto a mais de vida. As crianças choram como se necessitassem como um vício de mais um pouquinho no balanço da pracinha. Ontem fomos moribundos e crianças, queríamos o minuto e o pouquinho.
            É apenas mais um dia. De lembranças e suspiros saudosos, que possam ir se apagando aos poucos. Passa hoje um dia torturante, amanhã um menos doloroso, mas não menos cruel, e de repente volta à realidade tal como sempre foi. A gente novamente longe.
            Então milhões de pensamentos vêem à cabeça junto com lembranças e músicas que marcaram momentos em todos sentidos. E nesta manhã de sábado somente pairam no ar as dúvidas de um recomeço. Talvez tenha sido um momento. Não sei onde os pensamentos se perderam a ponto de não haver muitas escolhas.
            Estar em casa, estar sozinho, com ela, em outros lugares e simplesmente acordar num quarto de hospital. Como se o tempo tivesse passado tão depressa e a cada momento as opções vão diminuindo, a ponto de não se ter onde chegar.
            Impossível definir se pode ser espiritual, mas o fato é que as pessoas estão lá fora, com suas banalidades, e de repente aquele momento foi vivido por outras pessoas ao redor do mundo, mas não com tamanha intensidade e nem sequer perto da beleza. Aquele anjo chegando devagar, sentada longe na cadeira. Nos olhamos por bom tempo como dois estranhos e de repente aos poucos o que havia de sublime foi acontecendo.
            E assim pude lembrar de uma história contada que me serve de consolo nos dias de hoje apesar da saúde debilitada, resolvi pensar no amor e lembrei que antigamente o Sol e a Lua eram grandes amantes, antes do mundo existir. Viviam um romance tão intenso e belo. Porém Deus criou o mundo e teve que separá-los, pois o Sol tornaria os dias iluminados e a Lua as noites mais belas. Mesmo que o Sol tentasse consolar a Lua, falando da beleza das estrelas, Ela já não tinha brilho, nem forças para suportar esta separação.
            Foi então que Deus criou o eclipse, que acontece raramente, mas a Lua voltou a brilhar mais forte e o Sol se tornou mais alegre, porque em um período de anos eles podem se encontrar novamente e é nesse instante que eles matam sua saudade com um amor tão intenso que nem mesmo nós humanos podemos olhar diretamente para o eclipse, tamanha intensidade desse reencontro.
            Assim vi naquela mulher, nosso momento antes da criação do mundo e agora onde sempre fico à espera de um novo eclipse como aquele, pois sempre no reencontro parece que este amor se torna mais intenso. Mas o mundo precisa do Sol e da Lua depois desse intenso momento, e voltamos a estar distantes até que o próximo eclipse aconteça.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Rodoviária


              Há lugares interessantes para conhecermos. Seja no nosso país, seja no exterior, as belezas do mundo são incontáveis. Falemos aqui não somente de pontos turísticos, aliás, o interessante está no que não é mostrado ou divulgado para nós. O contato com as pessoas que habitam determinada região, as festas, os bares, os cafés e livrarias que não nos apresentam.
            O caminho até nosso destino de belezas que nos interessam passa por um lugar peculiar, a rodoviária. Ou melhor, as rodoviárias, pois as diferenças são enormes e me sinto cada vez mais confortável esperando o ônibus.
            Algumas agitadas, de movimento intenso, com diversos tipos de gente, desde os discretos até os escandalosos. As de movimento pequeno já não temos uma variedade de espécies, mas despertam o interesse pela tranqüilidade. Porém teremos alguns padrões no comportamento que são de praxe.
            Há os que não suportam esperar, andam de um lado para outro, sobem e descem escadas. Os que precisam urinar várias vezes antes de entrar no ônibus, mesmo que mesmo tenha banheiro. Vão e voltam, duas, três vezes em cinco minutos. Lembrando novamente que o mesmo pode ser feito durante a viagem. Digo nem tudo, pode ser que o cheiro acabe entregando a gente entre os passageiros. Agora me pergunto por que hoje são tão capitalistas a ponto de cobrar uma urinada. É tão rápido e não faz sentido. Imagina para as espécies que vou descrever agora, os que tomam cerveja. Após o efeito paga-se umas três cervejas só de banheiro.
            Os que preferem tomar cerveja ou derivados do álcool aproveitam as viagens longas para dormir. Se for um destes sente no corredor, irá muitas vezes ao banheiro. E pior, se escolher janela, o companheiro do lado pode estar dormindo e aí fica entre acordá-lo ou segurar até que a criatura acorde como um ato de misericórdia.
            Quem tem medo de perder o ônibus, chega cedo, procura um lugar para sentar e ali fica olhando para o nada ou bem acompanhado com seu livro. Mas fuja caso seja um desses livros de auto-ajuda, certamente essa pessoa falará sobre ele e ainda corre o risco de que leia para você alguns trechos.
            Apressados. Ou vivem correndo, pelo trabalho, ou dormem além da conta e chegam em cima da hora. São os mais estressados, quando entram no ônibus, reclamam da velocidade do motorista, do atraso de dois minutos e são capazes de matar pela poltrona. Tome cuidado, tendências de psicopata podem se manifestar.
            A turma do celular sente a necessidade de fazer com que todos ouçam sua conversa, mesmo que já não mais liguemos para isso. Uma tecnologia tão comum e ao alcance de todos, já não causa tanto alarde. Desde que não seja um gaúcho da fronteira que fala tão alto que é possível ouví-lo do outro lado de uma rodoviária imensa.
            Como o rumo do texto mais parece um manual de instruções sobre rodoviárias e embarques, não poderia deixar de falar, é bastante sério, faça amizades que tenham um ônibus direto ao destino se não gosta de ficar observando em rodoviárias. Porque você sairá do seu município, irá até o mais próximo de onde a pessoa mora e ainda terá que pegar um outro ônibus para chegar ao destino. Isso certamente levará um dia inteiro contado que você sai da sua cidade de origem, vai descer numa intermediária e lá terá que esperar até o próximo ônibus onde realmente pretende chegar. Aí são mais algumas horas de viagem e cansa.
            Talvez o hábito de observar e saber esperar venha desse fato. Não há opção, a não ser esperar. Apesar de ser torturante no início, com o tempo vamos aprendendo a esperar e nesse tempo conhecemos diversos tipos de pessoas, diferentes humores, personalidades, e no final você passará a freqüentar a rodoviária da própria cidade porque se tornou um viciado em observar as pessoas.
            Um excelente estudo de campo sociológico, um hobby para os desocupados, uma terapia para os desanimados, um vício para quem somente quer conhecer um pouco mais da fauna urbana.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Assassinato


Um dia matei algo lindo.
Sonhos e planos de uma vida,
Que não sabia que era tudo que queria.
Matei o belo,
O sentimento puro,
A perfeição.
Não pensei,
Nem soube lidar,
Com uma certeza,
De que te amo.
Matei, como muitos matam,
Por bobagem,
Por ignorância.
Viva a burrice,
De quem se julgava com razão.
O que foi mágico se tornou ilusão,
O que era sólido,
Se desmanchou no ar.
De tantos erros,
Perdi o amor,
Ganhei no jogo.
A sorte não estava mais comigo.
Amei e decepcionei,
Tive nas mãos o sonho,
Se tornando concreto,
Que morreu num erro,
Que desabou num desencontro.
Assassino dos nossos sonhos,
Quero pena máxima,
Não mais ter o direito de te sentir,
Nem seu perfume,
Nem seus lábios,
Nem seu calor,
Não mais compartilhar,
Ou dividir uma vida.
Matei e hoje preso nas jaulas do coração,
Só você poderia me libertar,
Das correntes,
Que marcam os pulsos.
O que havia de mais belo matei,
Nada mais resta do que cumprir,
As duras penas do coração.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Metade da laranja

             Sempre ouvimos falar no famoso ditado popular sobre encontrar a metade da laranja. Dizem alguns que basta encontrar a metade do limão, misturar com vodka, limão e açúcar que podemos ser felizes nas questões do coração.
            Passamos a vida toda em busca da famosa metade da laranja. Alguns poucos têm a oportunidade ou sorte de cedo encontrá-la. Outros passam a vida toda procurando, mas não encontram.
            Mas não há motivos para lamentar. Imagine que podemos tomar um porre com nossa metade do limão. Ficar bêbados, rir, nos divertirmos todos os dias em qualquer lugar, a qualquer hora. O limão pode ser azedo, mas o açúcar misturado tornará doce os beijos e a vodka irá nos embriagar perto de alguém.
            A metade do limão pode ser divertida, empolgante, uma aventura que futuramente se tornará um amor inesquecível. Difícil sabermos a fruta certa, mas o importante é qual delas faz bem para cada um.
            Se bem feita a caipira fica ótima, mas não podemos viver embriagados. Pois há um lado puro, maduro e concreto, que é o bom e velho suco de laranja pela manhã. Nada como acordar do lado de alguém, se não for junto, que seja pensando nesse alguém como a pessoa que iremos tomar esse suco todas as manhãs durante nossas vidas.
            Sem ressaca, nem dor de cabeça, e pura vitamina. Nosso suco de laranja será aquele planejado, tão sonhado, de forma que nos sentiremos leves no dia e a vida passará a ter um sentido. Não necessariamente uma rotina, mas um propósito.
            Nossa companhia que enfrentará os problemas dividirá as alegrias, encarará os medos e quando velhinhos poderemos chamar de minha “veia” ou meu “véio”. Esta metade que procuramos alguém em busca do compartilhar, do dividir.
            Mesmo que assuste no começo, no futuro teremos certeza, que esse novo descobrir da vida ao lado da nossa metade, serão as descobertas mais significativas de nossas vidas.
            Então aos que se divertem com a caipira, aproveitem, é válido e interessante. Eu hoje tomo meu suco de laranja pela manhã.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Motivos para te amar

Nos seus beijos quero me perder,
No silêncio das noites frias,
Estar em seus braços,
E muitos abraços.
Quero ser novamente adolescente,
Um menino descobrindo uma mulher,
Um romance distraído,
Descontraído,
Vivido assim,
Com tantos motivos,
Para te amar.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Morreu o poeta


Um dia havia tudo,
Amor, paixão, sonhos.
Havia conquistas,
Companhia inesquecível.
Um dia havia,
Um belo jardim florido,
Que todos os dias eram de primavera.
Veio o inverno,
Matou os sonhos,
Acabaram as flores,
Restou apenas a poesia,
Porém não havia poeta nenhum,
Pois ele não dizia mais palavras de amor,
Seu coração se partiu com sua caneta,
E o que restou,
Foi a solidão.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Mulher da minha vida


A solidão não se faz mais presente,
O presente você que me deu.
Se foi o destino não sei,
Se foi o acaso, desconheço.
Simplesmente a paz retornou,
O peito e os pensamentos estão leves,
E a imagem que me vem é do seu sorriso.
Imagino e faço planos,
Voltei a sonhar.
Um dia jogamos dados,
Hoje amamos abertamente.
Tua boca que me devora,
Teus olhos me encontro,
Nos teus encantos me perco novamente,
Numa explosão infinita de sentimentos,
Nobres, reais, loucos.
Depois das lágrimas,
Podemos sorrir,
O medo foi embora,
A segurança voltou.
Por mais longe que fosse,
Ao seu lado é meu lugar.
Você,
Mulher que quero dividir a vida,
Me entregar ao amor,
Estar mais próximo do paraíso,
Viver intensamente esse romance.
Um amor que nunca acabou.
Feito para durar,
A luz emana de ti,
O desejo, a vontade, a saudade,
O carinho,
Fortalecidos por uma paixão,
Que nunca morreu,
Mas sim provou,
Que é avassaladora,
Misturada com amor,
Uniu nossos caminhos,
Que nada pode separar,
Pois és,
A mulher da minha vida.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Musa dos sonhos


Você é minha musa.
A musa que habita meus sonhos mais sacanas.
Vai do coração, até o que há de mais pervertido em mim.
Você é tudo,
O amor, o pecado,
O sentimento, o desejo,
A vontade, a saudade,
O romantismo, o tesão,
Você é pura inspiração.

Compartilhando medos e desejos


Ontem à noite te vi,
Um tanto cansada,
Uma incógnita para desvendar.
Revelou sentimentos,
Mostrou a dor da solidão,
E juntos ficamos,
Compartilhando um momento intenso.
Difícil decifrar,
A mulher que se manifesta,
Com inteligência,
Intensamente romântica,
Profunda em suas idéias.
O tempo passou,
Novos capítulos serão decifrados,
De uma vida que me encanta,
Pelos mistérios,
Pela contradição,
Olhar de menina,
Pensamento de mulher.
O que pode ser desvendado,
Talvez nem você saiba,
Quem sabe vamos nos descobrindo juntos.

Despedida esperada


Uma despedida que já havia acontecido,
Apenas nos enganamos prolongando o dia.
Tentamos manter a ilusão de que o sonho continuaria,
Mas os pesadelos marcaram o peito,
Feridas tristes, lágrimas do fim esperado.
Em meio à embriaguez da empolgação,
Pensamos em instantes rápidos.
A dor não podemos mensurar,
A perda era inevitável,
Entre encontros levados pelo desejo,
Não foi compensado o sentimento.
A falta de compromisso,
As decisões apressadas,
O medo e o ódio,
O nada.
Assim caminhou um romance,
Com planos concretos,
Desmoronaram em erros,
Sem perdão, sem noção.
O dia chuvoso traz a solidão,
Do que parecia sólido,
E se desmanchou no ar.
Da culpa resta o arrependimento,
Do romance, ainda te amo.

sábado, 2 de outubro de 2010

Outra vez


No começo havia um pesadelo que marcavam as noites,
Suando frio, o calor permanecia queimando como fogo.
A dor tornou-se insuportável, parecia não haver remédio,
E a solidão era a melhor companhia.
Numa noite diferente, algo diferente se mostrava,
Era um amor escondido que havia se perdido.
Nessa noite houve uma outra vez,
E dessa vez tudo se tornou mais belo.
O perfume possuía tamanho encanto,
Os cabelos caindo pelo rosto
De uma pele macia, suave, cheirosa.
Um novo encanto se mostrou,
Nada do que não tivesse sido ainda,
Mas foi de uma forma diferente,
O ar parecia mais leve,
E o pequeno vento frio não tocava os corpos,
Pois estávamos outra vez,
Aquecidos com o beijo que invejam os anjos,
Pelo sabor, pelo encanto, pela beleza.
Assim ainda nos despedimos, seu olhar,
O meu desejando que ficasse,
Era uma outra vez, mas era diferente,
Amantes do passado num reencontro que deveria acabar,
Mas que não resistimos ao forte apelo do corpo,
De pelo menos nos sentirmos outra vez.