quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Uma noite


Sempre quis roubar lindos versos e te entregar como se fossem rosas,
Fazer promessas que fossem como sonhos de um conjunto de dois.
Temi a vida quando ela se mostrou como realidade,
Tive medo do escuro porque o desconhecia.
Não tive a coragem de roubar, nem fui capaz de sonhar.
O que temia hoje tem medo de mim,
O que deveria descobrir, apenas fechei os olhos e não quis mais ver.
Queria ter visto beleza, acabei num beco escuro cheio de tristeza.
E da preguiça inventei mil desculpas, sem nexo, sem sentido,
Mas já não sentia nada além de uma culpa imensa.
Não sei se foi a bebida, se foi aquele beijo roubado, se foi aquele segredo,
Talvez tenha sido a culpa do que não fiz.
Talvez tenham dito que era crime e senti a culpa,
E se questionei, não tive forças para enfrentar um dogma.
Se enfrentei, cansei de lutar contra a ignorância.
E de tantas promessas, delas queimei junto com papéis de poesia medíocre.
Percebi que da poesia não havia nada de medíocre, essa morava nas pessoas,
As mesmas com quem tomamos um vinho caro jantamos por oportunidade,
Apenas passaram por nossas vidas, sem deixar nenhuma marca, nenhuma cicatriz.
Nada mais me interessa, nem teorias brilhantes, nem novas idéias,
Longe do mundo real encontro o conforto que amigos compartilham,
Como lobos solitários, sem companhia para esta noite.
Não veremos orquestras, nem boa história,
Somente uma menina chorando num quarto vazio,
Uma mãe solteira, sozinha, tomando comprimidos,
Um mendigo dormindo num lugar sujo e escuro,
Um sábio preso em grades de manicômio,
Um idiota manipulando as mentes que não sabem pensar,
Era mais um óbito suicida em qualquer capela.
Nesta noite estava acordado, não dormi, não tinha sono,
Não vi nada, não senti nada, apenas um frio estranho,
Suando frio de dor, cigarro na mão, bebida no copo,
Era apenas mais uma noite de insônia, paranóia,
Que te perseguem, que incomodam, que assusta e mantêm os olhos abertos.
A cada cigarro, a cidade pega fogo, numa noite comum,
Como o que dizemos no dia a dia.
Sem lamentos, acaba a noite e o Sol traz mais um dia de muito trânsito e correria,
Sem ninguém querer sair da cama, todos correm, sem ter aonde chegar.
Não importa, alguém nasce e morre e mata,
Assassinos de informação, de interlocução.
Tudo continua, bombas explodem, a vida segue,
Gritos de socorro ninguém ouve,
Tudo continua, amanhã será um novo dia.

Um comentário:

  1. boa noite Carlos,entra depois no meu blog,pra ver um presente meu....e saiba que é merecido..

    Abração.Até amanha.Beijossssss

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