terça-feira, 21 de setembro de 2010

Nova morada

Quem nunca se assustou ao escolher um novo lugar para morar e que fosse barato, e não se assustou ao ver seu apartamento por dentro? É um choque traumatizante imaginar que poderia ali viver alguém. Mas nada que não se resolva limpando daqui, pregando dali.
            Nada como um toque feminino para que a nova moradia se torne mais aconchegante. Pedir uma ajudinha a uma amiga, mãe ou parente nessas horas pode ser um alívio para sair do sufoco.
            Depois de instalado, podendo fazer os próprios horários, receber as visitas que bem entender, nada melhor do que simplesmente sentar e relaxar. Verdade? Nem sempre, temos a vizinhança e seus mistérios, temos a rua, os barulhos e ruídos que saem sabe lá de onde. Decifrar cada som é uma tarefa árdua, mas não há nada tão gratificante como saber de onde vem. Assim volta o momento de tranqüilidade que havia sido interrompido por um instante, que pode levar horas.
            A vizinhança pode ser também um problema. Mas de personagens engraçados. Há uma velha senhora que sabe da vida de todos, inclusive dos horários e o que tomam no café da manhã, almoço e janta. Costuma contar dos filhos, netos conforme o assunto surge e repete as histórias demasiadas vezes, que fingimos não saber, mesmo tendo ouvido umas cem vezes. A vantagem é que podemos nesse breve instante pensar nas compras do mercado, do vazamento que atrapalha, e no fim da história apenas inventamos uma desculpa para entrar em casa e estar livre.
            Temos a turma da festa que nos finais de semana não nos deixa dormir. Som alto para se arrumar. Risos por não conseguirem abrir a porta quando chegam. Mas é compreensível, pois realmente torna-se uma tarefa difícil e torturante tentar entrar na própria casa e não conseguir encontrar o buraco da fechadura. A agonia vai aumentando na medida em que passa o tempo e nada de abrir. Se estamos acompanhados revezamos e rimos, acordamos a vizinhança, mas os risos causam mais risos. Sozinhos o pânico só aumenta, mas ao acertar a fechadura, abrir a porta e poder chegar ao banheiro é um alívio e tanto.  
            Há quem prefira ficar em casa, não conversar, não se relacionar, ou até mesmo passar o dia fechado sem sair. O famoso vizinho que sabemos que existe, mas nunca o vimos nem sequer sabemos o que faz. Geralmente rotulam de estranho.
            Enfim, há tipos para todos os gostos, existem milhares de rótulos e apelidos. O que mais assusta é chegar e passar as primeiras noites. Pois com o tempo, vemos pelo menos uma vez o escondido que não sai de casa, bebemos com os festeiros e já sabemos todas as histórias da senhora que as repete sempre. Acostumados com tudo isso, se torna tão normal que chegamos cansados do trabalho, jantamos, deitamos e estamos tranqüilos, é o nosso novo lar.

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